08/10/2006

KYUA

Começa com o “Era uma vez...”.
Uma mulher num hospital lê as primeiras palavras do livro “O Barba Azul”. Depois descobriremos que ela é a esposa do detetive Takabe, que está investigando uma série de brutais assassinatos em Tóquio.
Pessoas aparentemente normais (um professor, um policial, uma médica), após manterem contato com um rapaz que parece estar sofrendo de amnésia, matam seus próximos cortando-lhes as artérias carótidas e marcando-os com um x do pescoço até o peito.
Uma vez preso, o rapaz continua afirmando não se lembrar quem é, mas Takabe descobre que seu nome é Mamiya (Masato Hagiwara, impressionante), era estudante de psicologia e estudava as obras do Dr. Mesmer, utilizando seus conhecimentos para induzir, através da hipnose, as pessoas ao crime.
Segue-se o confronto psicológico entre uma mente doentia e a racionalidade do policial. Claro que esse confronto não é novidade no cinema (um dos melhores exemplares sendo “Até os Deuses Erram”, de Sidney Lumet, em 1973), mas o que sobressai é a maneira original do diretor Kiyoshi Kurosawa abordá-lo, neste filme que o revelou no Ocidente.
Takabe é um personagem complexo (Kôji Yakusho, excelente como sempre), dividido entre sua vida pessoal, onde tem que cuidar da esposa com problemas psiquiátricos (ela está perdendo a memória) e profissional, tendo que desvendar crimes bárbaros.
Em suas investigações para descobrir o que se passa na mente do criminoso, o detetive conta com a colaboração de um psiquiatra que em certo momento exibe um curto filme japonês do final do século 19, um dos primeiros registros em película de uma hipnose. A mulher mostrada no filme havia sido acusada de ter matado o próprio filho.
Fica claro então que um dos assuntos abordados por Kurosawa é o poder hipnótico do cinema.
E com seus longos planos-seqüências, com seus elaborados enquadramentos, os contrastes entre claro e escuro, seus longos silêncios, a quase ausência de música e o uso simbólico de elementos como fogo e água, Kyua aka Cure, é um filme dos mais hipnóticos.

P.S.: Mais uma vez agradeço o Eduardo Aguilar, que finalmente voltou com seu blog Cine Rebeldia, pelo empréstimo desse e mais 2 filmes, que resenharei em breve aqui.

8 comentários:

Anônimo disse...

Qm. agradece sou eu pela excelente resenha q. o empréstimo resultou, abrindo inclusive, os meus olhos para aspéctos até não observados.

Anônimo disse...

Valeu, Edú! Hoje vi Seance, e é impressionante como ele se aproxima e se afasta da versão do Forbes. Já viu?

Anônimo disse...

Ainda não!!! Pretendo ver hoje a noite, pergunto: terei pesadelos?

Anônimo disse...

Olha, eu diria que há alguma possibilidade hehe!

Anônimo disse...

Sérgião!!!!! Destruidor esse do Kurô, hein? Mas, olha. Aqueles filmes do Teruo Ishii já chegaram. Se quiser pegar é só combinar, ok?

André disse...

também graças ao aguilar pude ver CURE, que tornou-se meu filme preferido do kurosawa (dos que vi - seance, pulse e charisma).

o final do filme me deixou absolutamente desconcertado.

Anônimo disse...

Fala, Bakemon! Destruidor mesmo :)
Chegaram? Ótimo, vou te mandar um e-mail para combinarmos!

André, coloco o Doppelganger um pouco acima desse. Meu top ficou assim:

1) Doppelganger
2) Cure
3) Charisma
4) Seance
5) Pulse

E o final é desconcertante, mesmo!

Abraços!!!

Anônimo disse...

não conheço. se puder e desejar, deixe o seu email no meu blog. beijos, pedrita

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