Finalmente pude rever, depois de muito tempo, A Tortura do Medo ou Mórbida Curiosidade (Peeping Tom), de Michael Powell. Os 2 títulos em português tem uma explicação: A Tortura...é como foi exibido nos cinemas; Mórbida...é o titulo que recebeu na TV. A excelente cópia que vi em 16 mm, com o colorido intacto, só tem um senão: é dublada. Mas isso é esquecido logo de início, quando acompanhamos pelo visor de uma câmera de cinema uma prostituta se encaminhar para a morte. Quem empunha a câmera é Mark Lewis (Carl Boehm, estupendo).
Quando criança, Mark foi usado pelo pai biólogo, que mantinha uma câmera filmando-o o tempo todo, para realizar experiências sobre o medo. Para isso expunha o menino a situações extremas, como colocar um lagarto em sua cama ou filmar sua reação diante da mãe morta. O velho teve mesmo a cara-de-pau de dedicar sua obra, publicada em vários volumes, a 2 renomados catedráticos e ao filho!
Mark, agora um adulto extremamente solitário, meio afeminado, mas muito mais infantilizado, tem como única companheira sua câmera, que por vezes parece uma extensão de seu pênis, por outras um brinquedo, um ursinho de pelúcia que ele nunca teve, e que usa para registrar a reação das mulheres no momento em que são mortas, para depois assistir extasiado em seu quarto. Até o momento em que Helen, sua inquilina com a qual nunca havia tido contato, se aproxima e torna-se sua amiga, fazendo com que ele vislumbre uma possibilidade de salvação.
Com certeza esse filme não existiria se não tivesse havido antes Janela Indiscreta, de Hitchcock, mas Michael Powell vai mais fundo em sua análise do voyeurismo, e do cinema como instrumento de prazer e morte. Por sua vez, é bem provável que ele tenha influenciado o próprio Mestre do Suspense em Frenezi, que inclusive utiliza a mesma atriz, a não bonita mas incrivelmente expressiva Anna Massey (vejam por exemplo a seqüência em que ela sem querer começa a assistir um dos filmes de Mark, no começo com um leve sorriso, e seu semblante vai mudando conforme vai percebendo do que se trata, até demonstrar o horror absoluto). Sem falar da influência admitida por Scorsese, De Palma, etc.
O que temos, enfim, é um profundo mergulho numa mente doentia, que tudo capta mas não compreende o todo (e em contrapartida Powell coloca a mãe cega de Helen, que é a única a entendê-lo, “enxergá-lo”, e a tentar fazer com que ele procure ajuda).
Michael Powell realizou um filme que, depois de todas as citações, referências, homenagens, imitações, continua como uma obra insuperável.
Quando criança, Mark foi usado pelo pai biólogo, que mantinha uma câmera filmando-o o tempo todo, para realizar experiências sobre o medo. Para isso expunha o menino a situações extremas, como colocar um lagarto em sua cama ou filmar sua reação diante da mãe morta. O velho teve mesmo a cara-de-pau de dedicar sua obra, publicada em vários volumes, a 2 renomados catedráticos e ao filho!
Mark, agora um adulto extremamente solitário, meio afeminado, mas muito mais infantilizado, tem como única companheira sua câmera, que por vezes parece uma extensão de seu pênis, por outras um brinquedo, um ursinho de pelúcia que ele nunca teve, e que usa para registrar a reação das mulheres no momento em que são mortas, para depois assistir extasiado em seu quarto. Até o momento em que Helen, sua inquilina com a qual nunca havia tido contato, se aproxima e torna-se sua amiga, fazendo com que ele vislumbre uma possibilidade de salvação.
Com certeza esse filme não existiria se não tivesse havido antes Janela Indiscreta, de Hitchcock, mas Michael Powell vai mais fundo em sua análise do voyeurismo, e do cinema como instrumento de prazer e morte. Por sua vez, é bem provável que ele tenha influenciado o próprio Mestre do Suspense em Frenezi, que inclusive utiliza a mesma atriz, a não bonita mas incrivelmente expressiva Anna Massey (vejam por exemplo a seqüência em que ela sem querer começa a assistir um dos filmes de Mark, no começo com um leve sorriso, e seu semblante vai mudando conforme vai percebendo do que se trata, até demonstrar o horror absoluto). Sem falar da influência admitida por Scorsese, De Palma, etc.
O que temos, enfim, é um profundo mergulho numa mente doentia, que tudo capta mas não compreende o todo (e em contrapartida Powell coloca a mãe cega de Helen, que é a única a entendê-lo, “enxergá-lo”, e a tentar fazer com que ele procure ajuda).
Michael Powell realizou um filme que, depois de todas as citações, referências, homenagens, imitações, continua como uma obra insuperável.
7 comentários:
Inveja!!!!! é só o q. me resta dizer.
Ae, Eduardo! Foi uma pena vc não ter podido estar presente, se bem que parece que vc já o assistiu, certo? Abç!
Sim, claro!!! várias vezes, mas sp. na telinha e faz muito q. não o revejo, é o tipo de filme q. estimula a criação.
assisti peeping tom faz tempo. Se eu encontrar em DVD com certeza compro.
Eduardo, com certeza é um filme extremamente criativo, muito a frente da sua época. Se hoje ainda causa impacto, dá até pra entender porque foi quase banido quando foi lançado.
Walner, esse é um filme que tb quero na minha DVDteca!
Fala, Janclerques! Lembro desse filme sim, um dos clássicos da Sessão da Tarde. O título original é The Perils of Pauline, o diretor é Herbert B. Leonard, no elenco Pamela Austin, Pat Boone e Terry-Thomas. No IMDB vc pode encontrar mais dados, é só clicar ai ao lado.
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