11/12/2009

ABRAÇOS PARTIDOS


O novo filme de Almodóvar é repleto de citações e referências. A secretária interpretada por Penélope Cruz ganha um dinheiro extra como garota de programa atendendo pelo nome de Severine (o mesmo de Catherine Deneuve no "Belle de Jour" de Buñuel). Outras atrizes são citadas: Audrey Hepburn, Marilyn Monroe, Romy Schneider, Jeanne Moreau.
Vários diretores são citados nominalmente ou através de cenas: Louis Malle, Fritz Lang, Jules Dassin, Nicholas Ray, Joseph H. Lewis, Rossellini (uma sequência de "Viagem à Itália" é exibida na TV), Michael Powell ("Peeping Tom"), Antonioni ("Blow Up"), Don Siegel (a cena da queda na escada vem muito mais de "O Estranho que nós Amamos" do que de "Amar foi Minha Ruína").
A música de Alberto Iglesias emula Bernard Herrmann; a fotografia de Rodrigo Prieto emula o film noir.
E tem também as referências pictóricas: René Magritte, Matisse, Andy Warhol, Picasso, Joan Miró...
Como se vê o filme remete a muitos outros filmes, diretores e pintores. O diretor só esqueceu de colocar um pouco de originalidade própria. Este pode ser, como disseram alguns, um filme de crise. Mas Almodóvar não conseguiu resolvê-la, ao contrário de Fellini no genial "Oito e Meio" (aliás, também citado aqui).
Neste drama sobre um triângulo amoroso passado em duas épocas (1993 e 2008) o que mais falta é emoção, justamente algo que nunca faltou em seus filmes, mesmo nos mais fracos. Mas nenhum é mais fraco que esse.
Claro que Penélope está ótima, assim como José Luis Gómez, Blanca Portillo e Ángela Molina. Mas Lluís Homar é péssimo.
O pior, contudo, está reservado para o final quando Almodóvar se autoemula numa constrangedora imitação da obra-prima "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos". É o fim do poço. Não tem como ele não conseguir superar a crise no próximo projeto.

O melhor de "Abrazos Rotos"!

5 comentários:

Moacy Cirne disse...

De qualquer maneira, fiquei curioso, meu caro.

Um grande abraço.

Vlademir disse...

Achou o pior filme dele, Sergio? Também escrevi sobre o filme, e achei bem fraco, embora tenha gostado mais do que os últimos dele (mas isso talvez tenha a ver com o fato de que eu deteste Volver e Má Educação).

Sergio disse...

Almodóvar tem que ver, Moacy, mesmo quando decepciona.

Pois é, Vlademir, achei o pior. Eu gostei moderadamente de Volver e Má Educação. Vou lá ver o que escreveu.

Abraços!

Francisco Sobreira disse...

Pois é , Sérgio. Pelo que você diz das inúmeras citações feitas em Abraços Partidos", o filme deveria conter, nos créditos finais, os agradecimentos aos homenageados (risos). Ou, então, conter, no crédito da direção, o nome de Almodóvar e outros (mais risos). Será que o diretor espanhol está em começo de decadência? Os próximos filmes poderão, ou não, confirmar isso. Um abraço.

Sergio Andrade disse...

Sobreira, se ele fosse agradecer todos homenageados acho que os créditos finais durariam no mínimo meia hora rsss!

Abraço.

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