25/09/2006

YES

Gosto muito dos filmes de Sally Potter. Ela já encarou uma adaptação de Virginia Woolf (Orlando), já aprendeu a dançar tango (The Tango Lesson), sempre com muito talento. Mesmo quando não é totalmente feliz, como em The Man Who Cried, ela consegue ser criativa.
Ao ir na locadora no final de semana me surpreendi ao ver este filme na prateleira. Não tive dúvida e aluguei correndo.
Começa com uma faxineira (Shirley Henderson, sempre ótima) falando diretamente para a câmera, fazendo comentários filosóficos a respeito de sua profissão, de como manter as coisas limpas. Segundo ela as faxineiras fazem a terapia da casa e deveriam ser chamadas de consultoras de sujeira.
Tem início então a história desse casal bem sucedido profissionalmente (ele é político, ela é cientista), que enfrentam uma grave crise no casamento.
Numa festa "Ela" é abordada por "Ele" (os personagens não têm nome próprio), um médico libanês exilado em Londres, onde é obrigado a exercer a profissão de cozinheiro num restaurante.
Eles iniciam um relacionamento, mas logo as diferenças culturais, políticas, religiosas, sociais, sexuais irão se manifestar e balançar essa relação.
Na entrevista que acompanha o DVD Sally diz que começou a escrever o roteiro no dia 12 de setembro de 2001, logo após a queda das Torres Gêmeas, para refletir sobre o papel do artista diante daquela tragédia que iria mudar o mundo para sempre.
O conturbado caso de amor da americana/irlandesa e do libanês, então, passa a ser uma metáfora do conflito Ocidente/Oriente. Mas se fosse só isso o filme seria muito pobre. Ele vai além do fato político, e discute questões como confusões sentimentais, preconceito, fé x razão e a eterna procura do ser humano por um pouco de amor e felicidade. Tudo filtrado pelos irônicos comentários da faxineira, que funciona como um coro grego.
Os diálogos foram escritos em verso, um detalhe que se perde com as legendas. Mas nada que prejudique o prazer proporcionado por esse emocionante poema visual.

6 comentários:

Anônimo disse...

Vou procurar por aqui... Um filme com exilados (ou exilada) dos anos 90 que gostei muito foi Assédio do Bertolucci - mas, claro, que passa ao largo dessa questão. Filme lindo, cara...

Anônimo disse...

Procure sim, Marcos! Adoro Assédio, na verdade um dos poucos filmes que eu realmente gosto do Bertolucci. Abç!

Anônimo disse...

fiquei interessada. anotado. beijos, pedrita

Anônimo disse...

Valeu, Pedrita. Beijos!

Anônimo disse...

Acho Tango Lesson horroroso!

Anônimo disse...

É mesmo, Milton? Eu gostei bastante...

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