21/09/2005

OZU, CAPOVILLLA, FULCI - BREVES COMENTÁRIOS

Também Fomos Felizes (Bakushu)

O cartaz do filme resume do que se trata: um retrato de família. Noriko (Setsuko Hara) mora com os pais, o irmão e sua esposa e dois sobrinhos. Aos 28 anos já é considerada solteirona, e todos tentam arrumar-lhe um marido. Quando ela finalmente decide se casar com o vizinho viúvo, a situação se inverte e os familiares tentarão persuadí-la a desistir do casamento. Com um argumento banal como esse, Yasujiro Ozu alcança o sublime, coisa comum em se tratando dele. Obra-prima!



Harmada

Começa com dois homens caminhando por uma floresta. Eles param à beira de um rio, despem-se e entram na água. Um deles parece se afogar. O outro veste-se e vai embora. Se você quiser esperar por alguma explicação para essa cena, desista. Aliás, o filme não dá respostas fáceis para nada. Paulo César Pereio é o “sobrevivente” do início, e se envolverá com diversas mulheres durante a trama, num espaço de tempo indefinido: duas atrizes de um grupo de teatro mambembe, sendo uma delas mãe de um bebê; a sobrinha de seu patrão; e uma moça que conhece num asilo e que pode ser a filha daquela atriz. Maurice Capovilla, diretor de um dos meus filmes preferidos, O Profeta da Fome, volta à direção depois de um hiato de 27 anos. Talvez o filme se ressinta um pouco disso, pois há quebras de ritmo, algumas cenas poderiam ser encurtadas ou eliminadas, as interpretações são irregulares. Mas também há momentos de pura poesia, e Pereio está genial, principalmente quando seu personagem vislumbra uma possibilidade de redenção dirigindo a “filha” numa peça de teatro. E o final é uma celebração de vida


Os Quatro do Apocalipse (I Quattro Dell’Apocalisse)

Não conheço praticamente nada de Lucio Fulci. Assisti apenas O Deputado Erótico, filme que ficou anos proibido pela censura do regime militar, sendo lançado apenas em 1980 (é de 1972), que gostei bastante, e alguns trechos de Manhattan Baby, que não me impressionaram muito. Confesso que nunca dei muita importância para ele. Apenas este ano comecei a prestar atenção em seu nome, e dois fatores foram fundamentais para isso: os comentários de Carlos Reichenbach no Reduto do Comodoro quando da exibição de Voices From Beyond em sua Sessão Dupla no Cinesesc e uma crítica do Eduardo Aguilar sobre Uma Lagartixa Num Corpo de Mulher, em seu blog Cine Rebeldia. Sábado, ao entrar numa banca de jornais perto de casa, vi que estavam vendendo esse filme. Trata-se de um spaghetti-western, gênero ao qual não sou muito afeito, mas como estava baratinho (R$12,00!) resolvi arriscar, e tive uma boa surpresa. Na verdade o filme é muito mais um drama do que um bang-bang à italiana típico. Aqui Fulci reúne 4 seres sempre marginalizados pela sociedade: um jogador trapaceiro, uma prostituta grávida, um negro com problemas mentais que diz ver pessoas mortas e um bêbado. Eles são enviados pelo xerife de uma cidadezinha para o deserto, onde encontram um sujeito asqueroso, Chaco, que junta-se ao grupo apenas para enganá-los, roubando-lhes o dinheiro e deixando-os amarrados para morrer naquele lugar. Algumas cenas são bem violentas, como quando Chaco tortura um cara com uma faca. Mas também há uma seqüência belíssima, a do parto que acontece numa cidade encoberta pela neve. Enfim, um bom filme.

11 comentários:

Anônimo disse...

São dessa simplicidade e banalidade que Ozu consegue tirar um whisky de melhor qualidade!

Anônimo disse...

É mesmo, Bakemon. Ou um vinho de boa safra!

Anônimo disse...

Os Quatro do Apocalipse, como me disseram um "western psicodélico". Muito bom! Um abraço!

Andrea Ormond disse...

Olá Sérgio, obrigada pela visita no Estranho Encontro :) Tenho seu blog nos meus favoritos há muito tempo, vou colocar um link lá para o Kinocrazy. Um grande abraço. E vamos manter contato :)

Anônimo disse...

Psicodélico? É,pode até ser, não havia pensado nisso. Ele me lembrou, em alguns momentos, aquele anti-western do Altman, Quando os homens são homens. Abç!

Anônimo disse...

Obrigado pela visita, Andréa! Legal, vou linkar o Estranho Encontro aqui tb. Abraço!

Anônimo disse...

Fala Sergio!!

Precisamos armar algumas trocas (vc. gravou o "Tocaia no ASfalto"?), tenho 03 Fulcis comigo, o badalado "Zombie" que curto mas não como os fãs, e dois policiais q. considero obras-primas: "Don't Torture a Duckling" e "A Mulher em Pele de Lagartixa", é uma questão de combinar.

Anônimo disse...

Acho que sakê seria a melhor bebida!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Vamos combinar sim, Eduardo! O "Tocaia.." vai passar ainda, mas gravei o Superoutro. Vc tem e-mail que possa deixar aqui? Te mando minha lista com os filmes que tenho, ai vc escolhe. Tenho interesse nos 2 Fulcis que vc considera obras-primas. Abç!

Anônimo disse...

Então tá combinado, Bakemon, vamos fazer um brinde à Ozu com sakê!!!!!

Anônimo disse...

Fala Sérgio!!

o e-mail é o yaguilar@terra.com.br

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