O filme já começa com uma mulher espancando um homem com o sapato. Ele apenas tenta se defender, diz que estava bêbado e num impulso segura os cabelos dela, arrancando-lhe a peruca. Ela está careca! A fúria feminina aumenta, e ele cai desmaiado. A mulher é uma prostituta e o homem seu cafetão. Ela pega a carteira dele, tira um bolo de dinheiro mas separa apenas o que lhe era devido: 75 dólares. Somente quando a mulher fica em frente ao espelho e começa a colocar a peruca e se recompor é que surgem os créditos. Claro que estamos diante de mais uma daquelas mulheres fortes, determinadas, características da obra de Samuel Fuller.
Alguns anos depois Kelly, a personagem interpretada pela esplendorosa Constance Towers (sublime no papel), chega numa cidade do interior disposta a mudar de vida, mas nada será muito fácil.
Logo em seu primeiro dia ali vai para a cama com o detetive da cidade, que lhe indica um “local” para ficar. Ao invés disso, ela prefere alugar um quarto numa pensão e ir trabalhar como enfermeira na clínica de ortopedia infantil, onde adquire respeitabilidade ao forçar as crianças a superar suas dificuldades de andar, de forma dura mas terna. Enfim, sua vida parece que irá se tornar um conto de fadas quando ela conhece e se apaixona pelo milionário da cidade, o homem que mantém a clínica, e que lhe propõe casamento mesmo depois dela contar toda a verdade sobre seu passado. Mas uma descoberta terrível, e mais uma atitude violenta diante de um homem, irá colocá-la novamente em julgamento diante da sociedade.
Fuller, como sempre, coloca-se ao lado dos marginalizados. As pessoas que Kelly encontra na cidade, e que deveriam ser as mais respeitáveis, na verdade são as que carregam os piores defeitos, a começar pelo detetive, que descobriremos que é quem fornecia as moças para a cafetina do bordel local (toda garota que chegava na cidade sozinha ele seduzia e recomendava para lá).
Aqui o grande diretor aborda vários temas considerados tabus, principalmente levando em conta a época em que o filme foi realizado, como prostituição, gravidez indesejada e possibilidade de aborto e principalmente pedofilia, algo muito comentado hoje em dia, mas não tanto há mais de 40 anos atrás. Um filme extremamente corajoso!
Só nos resta parabenizar a distribuidora Aurora, responsável por lançar este e Matei Jesse James de Fuller, além de vários outros títulos fundamentais da sétima arte aos quais finalmente podemos ter acesso. Que continuem assim por muitos anos!!!
O Beijo Amargo (The Naked Kiss). Dir., Rot. e Prod.: Samuel Fuller. Foto.: Stanley Cortez. Mont.: Jerome Thoms. Mús.: Paul Dunlap. Com Constance Towers, Anthony Eisley, Michael Dante. EUA, 1964, P&B, 91 min.
Alguns anos depois Kelly, a personagem interpretada pela esplendorosa Constance Towers (sublime no papel), chega numa cidade do interior disposta a mudar de vida, mas nada será muito fácil.
Logo em seu primeiro dia ali vai para a cama com o detetive da cidade, que lhe indica um “local” para ficar. Ao invés disso, ela prefere alugar um quarto numa pensão e ir trabalhar como enfermeira na clínica de ortopedia infantil, onde adquire respeitabilidade ao forçar as crianças a superar suas dificuldades de andar, de forma dura mas terna. Enfim, sua vida parece que irá se tornar um conto de fadas quando ela conhece e se apaixona pelo milionário da cidade, o homem que mantém a clínica, e que lhe propõe casamento mesmo depois dela contar toda a verdade sobre seu passado. Mas uma descoberta terrível, e mais uma atitude violenta diante de um homem, irá colocá-la novamente em julgamento diante da sociedade.
Fuller, como sempre, coloca-se ao lado dos marginalizados. As pessoas que Kelly encontra na cidade, e que deveriam ser as mais respeitáveis, na verdade são as que carregam os piores defeitos, a começar pelo detetive, que descobriremos que é quem fornecia as moças para a cafetina do bordel local (toda garota que chegava na cidade sozinha ele seduzia e recomendava para lá).
Aqui o grande diretor aborda vários temas considerados tabus, principalmente levando em conta a época em que o filme foi realizado, como prostituição, gravidez indesejada e possibilidade de aborto e principalmente pedofilia, algo muito comentado hoje em dia, mas não tanto há mais de 40 anos atrás. Um filme extremamente corajoso!
Só nos resta parabenizar a distribuidora Aurora, responsável por lançar este e Matei Jesse James de Fuller, além de vários outros títulos fundamentais da sétima arte aos quais finalmente podemos ter acesso. Que continuem assim por muitos anos!!!
O Beijo Amargo (The Naked Kiss). Dir., Rot. e Prod.: Samuel Fuller. Foto.: Stanley Cortez. Mont.: Jerome Thoms. Mús.: Paul Dunlap. Com Constance Towers, Anthony Eisley, Michael Dante. EUA, 1964, P&B, 91 min.
6 comentários:
Sergio, vc viu MATEI JESSE JAMES? Rapaz, eu achei ainda melhor que O BEIJO AMARGO. Fuller é foda!
Ailton, vi Matei Jesse James. Maravilhoso! Mas não sei dizer qual dos 2 é melhor. Acho que ambos são obras-primas em seus gêneros. Como vc disse, Fuller é mesmo foda!!!
Fuller é ainda um cara que tenho que descobrir. Ganhei semana passada "Agonia e Glória" mas não dei uma olhada ainda.
Pô, que presentão, hein Marlonn? Agonia e glória é um dos melhores filmes de guerra que já vi (e olha que não foi essa versão restaurada que lançaram agora).
Escrevi sobre 'Naked Kiss' no Monstro na Garagem. Foi uma das melhores coisas que vi este ano.
O filme é ótimo. Vou procurar seu texto lá no Monstro. Abç!!
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