11/06/2010

SEMPRE BELA

O grande Manoel de Oliveira realiza aqui um de seus filmes mais ousados. Afinal, não é qualquer um que teria coragem de fazer uma sequência da obra-prima de Luis Buñuel, "A Bela da Tarde", quase 40 anos depois.
Michel Piccoli (genial como de costume) retoma seu personagem, Henri Husson, mas Séverine não tem mais os traços de Catherine Deneuve. A atriz que a substitui, no entanto, também é cara ao universo buñueliano: Bulle Ogier (de "O Discreto Charme da Burguesia").

Husson, depois de todo esse tempo, reencontra Séverine por acaso e a convida para um jantar no qual revelará seu grande segredo. Claro que é bom conhecer o original antes para poder saborear melhor certos detalhes.

Séverine agora é uma senhora respeitável, viúva, que se diz curada do antigo masoquismo e com intenção de se internar num convento. Alguém consegue imaginá-la rezando entre as freiras? Pensando bem, talvez o mestre aragonês gostasse da ideia.

Oliveira faz referência a vários símbolos comuns nos filmes de Buñuel, como manequins e um galo (cuja aparição de maior impacto se deu no final de "O Bruto"). De "Belle de Jour" vem a caixinha misteriosa do japonês no bordel e também as duas prostitutas que ficam fazendo comentários irônicos no bar em que Husson relembra o passado com o barman.

Com apenas 68 minutos, "Belle Toujours" tem grandes chances de estar em primeiro lugar na lista das melhores estreias nos cinemas em 2010.

4 comentários:

Vlademir disse...

É um filme maravilhoso. De uma magnitude da qual apenas os grandes mestres são capazes.

Aliás, aproveito para avisar que estou com blog novo: http://olharimplicito.wordpress.com/

Um abraço!

Sergio Andrade disse...

Grande filme mesmo, Vlademir.

Já conferi seu novo blog, está muito bom. Vou atualizar nos links.

Abs!

pseudo-autor disse...

É lindíssimo, mas que me perdoe o Manoel de Oliveira eu sou fã do Buñuel desde criancinha. Difícil alguém superá-lo (pelo menos na minha lembrança).

Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Sergio Andrade disse...

Pseudo-autor, também sou fã de carteirinha de Buñuel. Mas não creio que o Manoel tenha tentado superá-lo, mas sim homenageá-lo, e nesse sentido foi totalmente feliz.

Um abraço.

Pesquisa do Blog