Revi "Ilha do Medo". Já sabendo da "surpresa" final me concentrei em encontrar as pistas deixadas durante o filme inteiro para a solução do quebra-cabeças, e elas estão presentes desde o início, com DiCaprio passando mal na cabine do navio repleta de correntes penduradas no teto. Também prestei atenção nas referências que Scorsese, um cinéfilo assumido, utilizou no seu filme de mistério/terror/suspense, começando com o navio surgindo das brumas (e "Capitães do Mar" de Henry Hathaway, que vi ontem, tem uma cena igualzinha) até o plano final do farol. Produções de Val Lewton (em especial "Asilo Sinistro" e "A Ilha dos Mortos"), "Laura" de Preminger, "Desafio ao Além" de Wise, "Sob o Domínio do Medo" de Frankenheimer, "A Hora do Lobo" de Bergman, vários Hitchcock podem ser lembrados ao longo da projeção.
A ambientação nos anos 50 do século passado é essencial para criar o clima de paranóia: guerra fria, macartismo, bomba H, lavagem cerebral, lobotomia, uso de medicamentos como clorpromazina (que foi descoberto, vejam vocês, por Henri Laborit, o médico francês imortalizado por Resnais em "Meu Tio da América").
Atenção: Spoiler
E tem 3 diálogos em seguida que são capitais para entender o que aconteceu e o que irá acontecer: com George Noyce (Jackie Earle Haley), com a segunda Rachel Solando (Patricia Clarkson) e com o diretor do presídio psiquiátrico (Ted Levine).
Fim do spoiler.
Os habituais colaboradores do diretor realizam aqui alguns dos seus melhores trabalhos. A montagem de Thelma Schoonmaker (que se recupera das falhas gritantes de "Os Infiltrados"), a fotografia de Robert Richardson, a cenografia de Dante Ferretti (que em alguns momentos lembra algum quadro do Escher, principalmente na sequência da ala C do presídio), os figurinos de Sandy Powell, a música de Robbie Robertson são contribuições valiosas para a obtenção do resultado final.
O momento mais problemático é justamente o final, quando tudo tem que ser explicado nos mínimos detalhes . Mas depois disso há um pequeno diálogo entre os personagens de DiCaprio e Mark Ruffallo que desequilibra tudo de novo. Coisa que só um mestre consegue.
A ambientação nos anos 50 do século passado é essencial para criar o clima de paranóia: guerra fria, macartismo, bomba H, lavagem cerebral, lobotomia, uso de medicamentos como clorpromazina (que foi descoberto, vejam vocês, por Henri Laborit, o médico francês imortalizado por Resnais em "Meu Tio da América").
Atenção: Spoiler
E tem 3 diálogos em seguida que são capitais para entender o que aconteceu e o que irá acontecer: com George Noyce (Jackie Earle Haley), com a segunda Rachel Solando (Patricia Clarkson) e com o diretor do presídio psiquiátrico (Ted Levine).
Fim do spoiler.
Os habituais colaboradores do diretor realizam aqui alguns dos seus melhores trabalhos. A montagem de Thelma Schoonmaker (que se recupera das falhas gritantes de "Os Infiltrados"), a fotografia de Robert Richardson, a cenografia de Dante Ferretti (que em alguns momentos lembra algum quadro do Escher, principalmente na sequência da ala C do presídio), os figurinos de Sandy Powell, a música de Robbie Robertson são contribuições valiosas para a obtenção do resultado final.
O momento mais problemático é justamente o final, quando tudo tem que ser explicado nos mínimos detalhes . Mas depois disso há um pequeno diálogo entre os personagens de DiCaprio e Mark Ruffallo que desequilibra tudo de novo. Coisa que só um mestre consegue.
4 comentários:
Sérgio,
Não vi o filme e provavelmente só ire vê-lo em DVD, pois, como você sabe, deixei de ir a cinema de shopping. Mas num telefonema com um crítico daqui, que militou por muito tempo na imprensa carioca, ele me disse não ter gostado, achando-o cheio de clichês. Um abraço.
Sobreira, o filme tem dividido opiniões mesmo. Não coloco entre os melhores do Scorsese, mas tem momentos muito fortes. E deve ser apreciado na tela grande do cinema.
Um abraço.
Adorei! Obra Prima! A mulher de DiCaprio molhada e balançando as pernas me remeteu a "Os Inocentes" entre tantos outros como vc. observou, em determinado momento o personagem de Dicpario fala da dificuldade de se livrar do passado e isso se confirma na explosão do carro, achei uma metalinguagem brilhante, é Scorsese falando de como não se desprender dos filmes q. assistiu, mas ainda q. cheio de referências, "A Ilha do Medo" é um filme muiiiito particular!
E me permita discordar de vc., acho a montagem de "Os Infiltrados" sensacional e a desse: Brilhante!
Edu, não considero obra-prima, mas o filme cresceu bastante na revisão. Muito bem lembrada essa referência a "Os Inocentes". E gostei muito da sua tese sobre a metalinguagem no filme rss.
Acho que vamos continuar discordando sobre a montagem de "Os Infiltrados", mas concordamos que do "Ilha do Medo" é brilhante mesmo!
Um abraço.
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