A queda do cavalo de um médico de uma pequena aldeia alemã, provocada por um fio de arame amarrado entre duas árvores, é o primeiro de uma série de fatos misteriosos que acontecerão no local. Logo em seguida a mulher de um lavrador morre ao cair num buraco na serraria; crianças são agredidas por um desconhecido; um depósito da fazenda do barão é incendiado, etc. A estória é narrada pelo professor da aldeia, muitos anos depois do acontecido, e desde o princípio ele deixa claro que os fatos podem não ter acontecido daquela forma, pois a memória falha e outras coisas foram contadas a ele por terceiros, com possíveis distorções.
O que vemos então é a vida tranquila de um vilarejo, às vésperas da I Guerra Mundial, ser perturbada por uma violência que foge à compreensão e à explicações lógicas. Nesse pequeno universo onde as mulheres são vistas como meros objetos e os empregados não têm direito de reclamar dos patrões, as crianças são as maiores vítimas. Durante todo o tempo veremos elas serem punidas por pais severos; agredidas física e verbalmente; vítimas de abuso sexual, sem possibilidade de protesto. Até mesmo o professor/narrador acabará acusando as crianças de serem responsáveis pelos fatos misteriosos.
Os sentimentos represados de mulheres, empregados e crianças formam um caldeirão prestes a explodir. Desse modo têm razão os que dizem que o filme não é sobre a gestação do nazismo, mas de qualquer "ismo" que o mundo sofreu e continua sofrendo: nazismo, claro, mas também fascismo, comunismo, stalinismo, fundamentalismo...
A fita branca do título é uma fita que o pastor protestante coloca nos filhos para lembrá-los que pecaram contra a pureza e a inocência. Mas essa pureza e inocência foram conspurcadas por ele próprio.
É bom que se diga, no entanto, que as crianças não são totalmente inocentes, pois cometem algumas maldades entre elas, e há uma ambiguidade no modo como se comportam. O que remete a alguns clássicos sobre o mundo da infância, tipo "Aldeia dos Amaldiçoados", "Os Inocentes", "Os Meninos", "O Espírito da Colméia", "Cria Cuervos", entre outros.
A direção de Michael Haneke é de uma precisão absoluta, merecendo todos os prêmios que vem recebendo. A fotografia em preto e branco de Christian Berger é estupenda (e ele concorre ao Oscar). E no elenco, onde despontam alguns nomes conhecidos (Ulrich Tukur, Susanne Lothar, Josef Bierbichler), o destaque vai para o elenco infantil, que transmite a inocência da idade, mas também a revolta muda, o medo, a vergonha, a alegria, o ódio, todas as emoções humanas, enfim. Obra-prima.
O que vemos então é a vida tranquila de um vilarejo, às vésperas da I Guerra Mundial, ser perturbada por uma violência que foge à compreensão e à explicações lógicas. Nesse pequeno universo onde as mulheres são vistas como meros objetos e os empregados não têm direito de reclamar dos patrões, as crianças são as maiores vítimas. Durante todo o tempo veremos elas serem punidas por pais severos; agredidas física e verbalmente; vítimas de abuso sexual, sem possibilidade de protesto. Até mesmo o professor/narrador acabará acusando as crianças de serem responsáveis pelos fatos misteriosos.
Os sentimentos represados de mulheres, empregados e crianças formam um caldeirão prestes a explodir. Desse modo têm razão os que dizem que o filme não é sobre a gestação do nazismo, mas de qualquer "ismo" que o mundo sofreu e continua sofrendo: nazismo, claro, mas também fascismo, comunismo, stalinismo, fundamentalismo...
A fita branca do título é uma fita que o pastor protestante coloca nos filhos para lembrá-los que pecaram contra a pureza e a inocência. Mas essa pureza e inocência foram conspurcadas por ele próprio.
É bom que se diga, no entanto, que as crianças não são totalmente inocentes, pois cometem algumas maldades entre elas, e há uma ambiguidade no modo como se comportam. O que remete a alguns clássicos sobre o mundo da infância, tipo "Aldeia dos Amaldiçoados", "Os Inocentes", "Os Meninos", "O Espírito da Colméia", "Cria Cuervos", entre outros.
A direção de Michael Haneke é de uma precisão absoluta, merecendo todos os prêmios que vem recebendo. A fotografia em preto e branco de Christian Berger é estupenda (e ele concorre ao Oscar). E no elenco, onde despontam alguns nomes conhecidos (Ulrich Tukur, Susanne Lothar, Josef Bierbichler), o destaque vai para o elenco infantil, que transmite a inocência da idade, mas também a revolta muda, o medo, a vergonha, a alegria, o ódio, todas as emoções humanas, enfim. Obra-prima.
7 comentários:
Que beleza, Sergio! Adoro o Haneke. O filme estreou aqui em Vitória. Devo assistir amanhã e depois comento o que achei...
Grande Abraço!
Que bom que já estreou ai, Ronald! Aguardo sua crítica.
Abraço!
Sérgio,
Pelo que você diz (e bem) na sua resenha, o filme merece ser visto. Conheço só 3 filmes de Haneke: A Professora de Piano, Violência Gratuita (a primeira versão, já que dizem que ele fez uma refilmagem para o cinema americano) e Caché. Gosto mais dos 2 primeiros. Um abraço.
Como estou em Natal
(para mais uma temporada),
não sei quando o verei.
Mas, claro, vou ficar atento.
Nem tudo está perdido por aqui: 'Guerra ao terror' e 'Abraços partidos' encontram-se em cartaz.
Um abraço.
Sobreira, é um grande filme. Gosto da grande maioria dos filmes dele, inclusive a versão americana de "Funny Games".
Moacy, espero que você o assista em breve.
Abraços!
Todos comentando desse filme, preciso absorvê-lo logo!
Veja sim, meu caro, grande filme!
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