18/09/2006

JESS FRANCO EM DOSE DUPLA

Venus in Furs - Ou "O Ano Passado em Istambul". Utilizando-se dos experimentos com a linguagem que autores como Alain Resnais e Michelangelo Antonioni vinham realizando nos anos 60, Franco criou um filme dos mais sofisticados. Com um cuidadoso trabalho de direção de arte, fotografia, som, etc., conta a história de um trompetista de jazz que encontra , numa praia, o corpo de uma mulher que ele conheceu no passado, mas não lembra exatamente quando. Embaralhando a cronologia, Franco nos joga num labirinto, onde se misturam passado, presente, realidade e fantasia. O clima criado ora é onírico, ora psicodélico ou fantasmagórico, uma vez que Wanda, a morta, surge para seus algozes para se vingar. Enfim, um filme estranho mas fascinante, com belas locações em Istambul e no Rio de Janeiro (mas neste caso foram utilizadas cenas de arquivo do carnaval de rua, o que contribui ainda mais na atmosfera de sonho). No elenco James Darren, da série cult "Túnel do Tempo", e um monte de mulher bonita, como Maria Rohm e Barbara McNair. O evidente prazer com que Jess Franco filma os corpos nus dessas mulheres faz com que a experiência de assistir Venus in Furs torne-se ainda mais inesquecível.


Love Letters of a Portuguese Nun - Aqui mudamos da água pro vinho. Ou melhor, não! A linguagem é totalmente clássica, mas o filme é ainda mais ousado. O padre de um vilarejo português obriga a mãe de uma garota de 16 anos a interná-la no convento, para não cair na tentação da carne. Mas uma vez internada, começam as sessões de tortura, iniciando com uma coroa de espinhos que a garota é obrigada a colocar na altura dos seios. Na verdade o convento é só uma fachada para que o padre e a madre superiora possam realizar suas missas negras, seus cultos ao demônio. Seguem-se cenas de noviças torturadas de todas as formas possíveis, sexo entre mulheres num clima de heresia, blasfêmias diversas e até uma grande orgia com direito a participação do próprio demo! E a pobre da noviça portuguesa, ao tentar denunciar esses abusos, consegue apenas ser condenada à fogueira pela Santa Inquisição. Resumindo: é um dos maiores ataques já feitos à hipocrisia da igreja católica!

2 grandes, belos filmes para começar bem uma semana que promete ser das mais puxadas!

12 comentários:

Anônimo disse...

Oi SÉRGIO, que ótimas leituras sobre os filmes do Franco, pena que não tive como ir ontem, eu adoro o Venus in Furs, suas colocaçõs e comparações sobre o filme são muito enriquecedoras: Resnais, Antonioni, sim, sim, era o que estava sendo experimentado na época, eram as propostas novas que influenciavam muitos diretores de várias partes do mundo. É isso aí...

Anônimo disse...

Marcelo, a década de 60 foi muito rica em experimentações, não só no cinema, mas tb na música, no teatro, nas artes em geral. Uma época que provocou uma verdadeira revolução comportamental! E o filme do Franco reflete tudo isso! Pena que vc não pode estar presente. Ah, sim, a cópia apresentada, em DVD, é impecável! Abraço!

Anônimo disse...

Putz, minha cópia (pirata, diga-se) do Vênus in Furs deu tilt antes de eu assistir!

Onde é que tu viu, Sérgio?

Anônimo disse...

Vi ontem, na Sala Cinemateca Milton! Rolou uma Mostra Jess Franco esta semana.

Anônimo disse...

mais um na minha lista dos não vi e quero ver. beijos, pedrita

Anônimo disse...

Não se preocupe, Pedrita, acho que é o Marcelo que costuma dizer que os filmes é que chegam até nós!
Beijos!

Anônimo disse...

Como Pedrita, mais um diretor que preciso conhecer. Puxa vida, será que preciso rever menos os clássicos (que adoro) e me dedicar mais a filmes que ainda não? De qualquer maneira, suas análises são boas. Um abraço.

Anônimo disse...

Mas eu só vim a conhecer esse diretor no domingo, Moacy! Nunca tinha visto nada de Jess Franco. Também adoro os clássicos, mas tenho me arriscado mais ultimamente, e tido gratas surpresas em muitos casos. Obrigado pelo comentário. Abraço!

Anônimo disse...

Oi Sérgio, infelizmente não tenho a mesma opinião que a sua sobre Venus Em Fúria. Também estava na sessão, porém, gosto do Franco, vi mais dois filmes dele nessa mostra. Porém não gosto muito da Cinemateca, por vários motivos. Estou te devendo a entrevista do Aguilar. Qual o teu e-mail para eu mandar ? Outra coisa bicho: a entrevista do Conrado vai sair na ZIMBU! que é uma revista de internet feita inteiramente em word que estou comandando agora. Vai sair no dia das eleições, se quiser te mando também. Abraços, Matheus.

Anônimo disse...

Fala, Matheus! Não gostou do Venus in Furs? Eu gostei bastante, muito bom!!!
Tenho uma relação de afeto com a Cinemateca, e não apenas por ter trabalhado lá por 8 anos e ela ter sido tema de meu TCC!
Pode me mandar a entrevista do Aguilar e essa revista ZIMBU. O e-mail é:
seaph@hotmail.com
E boa sorte com a revista!
Abraço!

Anônimo disse...

Respondendo ao seu comentário no meu blog, também adorei O Maior amor do Mundo. Quanto ao seu post de baixo, espero que essa edição do Relíquia Macabra, de John Houston com três discos saia aqui no Brasil também (deve ser maravilhoso!). Aproveito a oportunidade para dizer que a partir de agora têm texto meu também no reacaocultural.blogspot.com (um projeto em que estou engajado culturalmente). Abraços do crítico da caverna cinematográfica.

Anônimo disse...

Estamos na torcida para que a Warner lance essa edição com 3 discos do Maltese Falcon aqui, Roberto!
Depois vou conferir esse seu texto, mas desde já boa sorte no projeto :)
Abraço!

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