14/01/2006

LIVROS, REVISTAS COM DVD, LISTA, ETC...

O mítico cinema feito na Boca do Lixo paulistana finalmente ganha um livro à sua altura. Sem as benesses de uma estatal espúria, ignorado por boa parte da crítica e ridicularizado por nossa inteligentsia e gênios de plantão, de lá sairam, na década de 70, alguns dos maiores sucessos de bilheteria de nosso cinema. E também obras de inegável valor artístico, mas que não era de bom tom apreciar. Escrito por alguém que, primeiro como crítico e depois como diretor, viveu o período de ascensão, apogeu e queda da produção local, o que sobressai do livro é a forma carinhosa com que Alfredo Sternheim comenta a obra dos cineastas que passaram pela região, despido de qualquer tipo de preconceito. São 127 verbetes de pessoas que, a despeito do nível de formação ou ambição intelectual, tinham em comum uma mesma coisa: o amor pelo cinema. Absolutamente indispensável!

Na apresentação, Máximo Barro comenta dados preocupantes: apenas um quinto dos mais de 100 longas-metragens em que Hingst teve participação encontram-se na Cinemateca Brasileira, mas nem todos em condições de projeção, pois apresentam problemas típicos da má conservação da película cinematográfica como perfurações fora do padrão e imagem descolando, e que já existiam antes das cópias serem depositadas naquela instituição cujo papel é fundamental para a preservação de nossa memória cinematográfica. Segundo ele, a maioria dos produtores "conserva" os originais em depósitos construídos para abrigarem móveis, tapetes, pneus e trastes das casas. A continuar assim, dentro de poucos anos somente cerca de 50 filmes com o ator, que Ugo Giorgetti certa vez disse ser a cara de São Paulo, poderão ser assistidos. Neste livro, uma das mais completas biografias da Coleção Aplauso, Barro recupera a história de Sérgio Hingst, desde suas origens alemãs, passando pela formação na EAD, a participação em clássicos como "Estranho Encontro" (Khouri), "O Quarto" (Biáfora), "Aleluia, Gretchen" (Back), "Lilian M" (Reichenbach), entre outros, até a última atuação num curta-metragem de 1985. Bela homenagem a um grande ator, cuja obra precisa urgentemente ser preservada.

Do clássico do cinema mudo "A Caixa de Pandora" até filmes recentes como "Intimidade" e "E Tua Mãe Também", Neil Fulwood analisa 100 cenas, de 100 filmes, que redefiniram a forma com que o sexo foi mostrado no cinema. Dividido em 5 capítulos, assim denominados: "Implicit" (com filmes como "Gilda", "Spartacus" , "O Criado", etc.); "Explicit" ("O Império dos Sentidos"; "Betty Blue", "Emmanuelle", etc.); "The European Aesthetic" (com filmes de Buñuel, Blier, Fellini, Almodovar e Greenaway); "Pleasure and Payment" ("A Professora de Piano", "Marnie", "Ondas do Destino", etc.) e "Forbidden Flesh" ("Saló ou os 120 Dias de Sodoma", "A Comilança", "O Silêncio", etc.). Excelente!

REVISTAS COM DVDs ENCARTADOS

- CINE MONSTRO Nº 6, com "Phenomena" de Dario Argento. Jennifer Connelly, aos 14 anos, é uma garota com estranhos poderes sobre os insetos, o que a ajudará a solucionar uma série de assassinatos cometidos contra as estudantes de um colégio interno na Suiça. Ela contará com a colaboração de um entomologista (Donald Pleasence) e sua chimpanzé de estimação. Muito clima e surpresas, num dos melhores filmes do mestre.

- DARK SIDE Nº 14, traz um clássico da animação de bonecos em stop-motion, "A Festa do Monstro Maluco", um filme que permanece na memória afetiva de muitos trintões e quarentões (hehe). O Barão Frankenstein, para comemorar a descoberta de uma poderosa bomba, convida para uma festa em sua ilha todos os monstros que já passaram pelas telas: Drácula, Lobisomem. A Múmia, O Monstro da Lagoa Negra, O Homem Invisível, Dr. Jekyll e Mr. Hyde, O Corcunda de Notre Dame, e seu sobrinho normal. E, claro, Francesca, a secretária do Barão, uma ruiva de corpo escultural! No original, o Barão é dublado pelo grande Boris Karloff. Pura nostalgia!

- EAST SIDE Nº 2 e 3 - Com os episódios 2 e 3 que completam a saga do "Street Fighter" Terry Tsurugi, interpretado por Sonny Chiba. A primeira parte já comentei por aqui. Aguardem por muitos mais ossos quebrados!

LISTA DOS MELHORES DE 2005 (FINAL)

Completando minha lista de melhores filmes exibidos em cinemas no ano passado, relaciono mais 10 que gostei bastante. 2005 pode não ter sido um ano excepcional, mas trouxe um bom número de grandes filmes.

11-Kung-Fusão – Stephen Chow
12-O Aviador – Martin Scorsese
13-Maria cheia de graça – James Marston
14-A queda! As últimas horas de Hitler – Oliver Hirschbiegel
15-Extremo sul – Mônica Schmiedt e Sylvestre Campe
16-Contra a parede – Fatih Akin
17-A casa dos bebês – John Sayles
18-Irmãos – Patrice Chéreau
19-Sideways – Entre umas e outras – Alexander Payne
20-Manderlay – Lars von Trier

O ser humano tem muito a aprender com esses simpáticos e desajeitados animais!!!

Finalmente, copiando descaradamente a idéia do último post do Edú "Cine Rebeldia" Aguilar (desculpa ai, amigo...hehe) alguns dos melhores textos da Web no momento, entre sites e blogs:

Para incrementar a polêmica sobre "2046 - O Segredo do Amor", de Wong Kar-Wai, duas excelentes críticas, uma pró, de Neusa Barbosa:

http://cineweb.oi.com.br/index.html

Outra contra, de Carlos Alberto Mattos:

http://www.criticos.com.br/new/artigos/critica_interna.asp?artigo=960

O site é dedicado a filmes de terror, mas foi nele que encontrei talvez a crítica mais positiva feita sobre o ótimo faroeste de Henry Hathaway, "Os Filhos de Katie Elder":
http://www.bocadoinferno.com/romepeige/artigos/offtopic/elder.html

No Japan Action, bela resenha sobre "Fighting Elegy", do grande Seijun Suzuki:
http://www.japanaction.cjb.net/

Andréa Ormond, depois de Carlo Mossy, agora entrevista Anselmo Vasconcellos, a Múmia do clássico de Ivan Cardoso, entre outros personagens inesquecíveis:
http://www.estranhoencontro.blogspot.com/

E o Fernando Roveri e o Marko, depois de um longo e tenebroso inverno, voltaram com tudo. O primeiro comenta o documentário Sou Feia Mas Tô Na Moda":

http://muzzle.zip.net/

O segundo analisa "Soldado Anônimo:

http://komentarista.blogspot.com/

4 comentários:

Andrea Ormond disse...

Oi Sergio, o Dicionário da Boca é muito bom mesmo (comprou na Siciliano? rsrs), o do Sergio Hingst ainda não li, tá aqui na estante :) Por curiosidade, o q vc acha da Coleção Aplauso no geral? Valeu tb pela lembrança da entrevista :) Beijão!!

Anônimo disse...

Uopa! Sérgio, quanto custa esse livro do Boca? Ah, e bom saber que curtiu a resenha do Fighting Elegy...

Anônimo disse...

Sérgio, excelentes dicas, pena que os dois primeiros vão ficar difíceis para mim, no momento. Me diz uma coisa: o livro do Neil Fulwood é legal, mesmo? Vi uma vez, mas achei que poderia ser picaretagem e nem dei bola. Mad Monster Party é fantástico, uma das maiores lembranças de adolescência! Phenomena é um dos Argentos mais loucos, vai dizer que não?

Anônimo disse...

Olá, Andréa! Comprei lá sim, obrigadão pelo toque :)
Olha, eu acho que qualquer obra que procure fazer um resgate de nossa memória é importante, ainda mais se for a cinematográfica, tão vilipendiada. A "Coleção Aplauso" tem recuperado figuras totalmente marginalizadas como David Cardoso, Carlos Coimbra, Rodolfo Nanni, o próprio Sérgio Hingst. O formato adotado na maioria, em forma de entrevista, é interessante, mas eu ainda espero por análises mais aprofundadas. De qualquer forma uma porta está aberta para que apareçam mais estudos sobre essas e outras figuras esquecidas de nosso cinema.
Falando nisso, as entrevistas que você tem feito no seu blog vão exatamente nessa linha. Creio que nem o Mossy nem o Anselmo tinham dado depoimentos tão longos. Espero que um dia você venha a publicá-las em livro. Seria muito importante, para que mais pessoas possam ter acesso a elas. Beijão!

Fala, Bakemon! Foram os R$16,50 mais bem gastos da minha vida! Sim, gostei muito da resenha do filme do Suzuki. Agora só preciso assistí-lo :)

Olá, Milton! Obrigado! Estou gostando bastante do livro do Fulwood, ele faz análises bem interessantes dos filmes. Mas o capítulo que mais gostei até agora foi o terceiro, onde ele comenta obras daqueles 5 mestres.
Assistir Mad Monster Party hoje foi algo como entrar numa máquina do tempo e voltar aos tempos da infância!
E claro que concordo com você: Phenomena é muiiiito louco! E a macaca é ótima!

Abraços!!!

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