Para fechar com chave de ouro a Mostra "Cinco Visões de Nosso Cinema" neste sábado, haverá a exibição de outra raridade, o filme "Anjo Loiro", do grande (e injustiçado) cineasta Alfredo Sternheim. Cópia em 16 mm. Após um pequeno intervalo acontecerá a palestra de Matheus Trunk e de nosso convidado especial, o próprio diretor Sternheim. Sábado, 31/03, 13:00 hs. Evento gratuito!
Ficha técnica:Anjo loiro (idem, BRA, 1973)
Direção: Alfredo Sternheim
Roteiro: A. Sternheim e Juan Siringo baseado no romance "Professor Unrath" de Heinrich Mann.
Elenco: Vera Fischer,
Mário Benvenutti, Célia Helena
,
Ewerton de Castro, Nuno Leal Maia.
Duração: 99 min; Colorido; Censura 12; Drama.
Sinopse:Laura é uma moça libertina que se entrega a todos os homens, sem no entanto demonstrar interesse por nenhum. Porém ao conhecer um professor, mais velho do que ela, e que também leva uma vida livre, ambos se envolvem. Versão brasileira do filme: “O anjo azul”.
Comentário:"Do “Anjo Loiro”, de 1973, gosto muito ainda hoje. Creio que tem grande calor humano, um clima algo irônico, meio Almodóvar, que ainda nem existia. Fui feliz na escolha do elenco total,
em especial Benvenuti e Vera Fischer que já tinha talento, mas poucos queriam enxergar por conta do preconceito contra a Miss Brasil que ela foi. É pena que depois o filme tenha sido interditado e retalhado pela Censura Federal, cujo diretor era o Rogério Nunes. Na época, a Polícia Federal do governo Médici tinha como chefe o general Antonio Bandeira. Faço questão de lembrar essas pessoas que tanto mal me fizeram com suas decisões absurdas. (Depoimento do diretor para o site
Estranho Encontro).
Convidado Especial:Alfredo Sternheim é o segundo dos dois filhos de um alemão e uma marroquina que se conheceram no Brasil, para onde vieram em conseqüência de duas guerras: ele por causa dos nazistas, ela por causa da Guerra Civil Espanhola, já que a ação militar de Franco começara no Marrocos, então protetorado espanhol. Apaixonado pelo cinema desde a infância, decidiu ser diretor aos 14 anos, após passar dois dias nos estúdios da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo-SP, fazendo figuração no filme "Osso, Amor e Papagaios". A partir de 1958, começou a frequentar o Cineclube do Centro Don Vital, na capital paulistana, onde conheceu Walter Hugo Khouri e Rubem Biáfora. O primeiro o contrataria, em 1961, para fazer continuidade e assistência de direção no longa "A Ilha", ocasião em que também o designaria para dirigir o curta-metragem "Um Recanto Aprazível", que era na verdade a forma de pagamento pela hospedagem da equipe de filmagem, oferecida pela unidade do SESC, em Bertioga-SP. Ainda com Khouri, foi assistente de direção no filme "Noite Vazia". Como já havia escrito sobre cinema no suplemento cultural de "O Diário", de Belo Horizonte, e no "Diário da Noite", de São Paulo, foi convidado por Rubem Biáfora para ser crítico de cinema do jornal "O Estado de São Paulo", onde ficou entre 1963 e 1967, mesmo período em que dirigiu documentários, alguns premiados. Dessa época, seus curtas de maior destaque foram: "Noturno" (1967), que mostra a metrópole paulistana do entardecer ao anoitecer, sem falas; "Flávio de Carvalho" (1967), que retrata vida e obra do famoso pintor-arquiteto; "A Batalha dos Sete Anos" (1968), retrato do cinema brasileiro entre 1950 e 1962; e "Isei Nisei Sansei" (1970), painel da colonização japonesa em São Paulo. Foi também produtor do pioneiro programa "Cinema Brasileiro na TV", que continha entrevistas e exibições de filmes, levado ao ar pela TV Cultura de São Paulo, entre 1969 e 1970. Ainda em 1970, após realizar oito curta-metragens, estreou em longas com "Paixão na Praia", produzido pela Servicine e que enfrentou problemas com a censura – mesmo destino da produção seguinte, "Anjo Loiro", com Vera Fischer como protagonista. A terceira produção, "Pureza Proibida", de 1974, ainda hoje é mencionada como obra pioneira na inclusão do negro na filmografia nacional. Seu quarto longa, "Lucíola, o Anjo Pecador", luxuosa produção de época, foi apresentado com sucesso no "4° Festival Internacional de Teerã", no Irã, em 1975, país que à época vivia sob o regime dos Xás, anterior à revolução dos Aiatolás. Sempre escrevendo sobre cinema para jornais e revistas e dirigindo, por algum tempo, programas da série "Telecurso 2° Grau" – por indicação de Sílvio de Abreu –, realizou uma obra de 27 longas e 14 curtas, sendo que apenas o filme "Aquelas Mulheres", de 1975, não foi lançado comercialmente, permanecendo inédito. Nessa produção, dirigiu o episódio "Reencontro", que tinha no elenco Lilian Lemmertz, Sérgio Hingst e Roberto Bolant. Foram os seguintes os veículos para os quais escreveu, enquanto ainda atuava como diretor: revistas "Filme & Cultura", do Ministério da Educação e Cultura (1967 a 1972); "Video Business", da Editora Iris (1987a 1988) e "Cinevídeo", da Editora Ondas (1988 a 1990). Foi também editor e crítico de cinema e filmes na TV do jornal "Folha da Tarde", entre 1972 e 1979. A partir de 1983, realizou filmes de sexo explícito com histórias, quase todos para o destacado produtor Juan Bajon, não usando pseudônimo em nenhum deles – fato comum entre a maioria dos cineastas do período –, atitude que lhe custou caro, fazendo-o enfrentar inúmeras barreiras e preconceitos. Em 1989, após dirigir um documentário institucional, nunca tendo sido produtor e sem se adaptar às condições de mecenato predominantes na produção do período, passou a se dedicar exclusivamente às atividades de crítico e jornalista. Nessa nova fase, assume ainda em 1989 a função de editor-assistente da revista "Classe News Vídeo" e escreve na revista "Internacional" (Editora Ondas), onde permanecerá até 2001. No mesmo ano, escreve o "Guia do Video/DVD", para a Editora Nova Cultural. Nos anos seguintes, irá escrever para várias publicações: revista "Set" (1993 a 2007), "Ver Vídeo Erótica" e "Ver Vídeo" (1994 até 1998), "Guia da Folha" do jornal "Folha de São Paulo (1996 a 2001), site "O Fuxico" (maio de 2002 até julho de 2003), Jornal do Vídeo (2003) e revista da "TV A" (2004 a 2005). Durante sua longa produção, dirigiu ainda alguns comerciais publicitários e institucionais no Estado do Paraná. (Fonte: Cinema da Boca - Dicionário de Diretores; Currículo Pessoal) (IBAC – Instituto Brasileiro de Arte e Cultura)
Palestrante:Matheus Trunk é estudante de jornalismo, apaixonado por cinema, especialmente o brasileiro popular. Redator-chefe e fundador da revista eletrônica Zingu!, realiza diversas pesquisas sobre cinema brasileiro e música brega e romântica antiga. Colecionador de LPs, tem mais de mil em sua casa e assistiu a filmes que a maioria das pessoas não dá atenção. Participa de diversos cursos sobre cinema, em especial do crítico Inácio Araújo. Mantém dois blogs: Cinéfilos do Terceiro Mundo (sobre cinema) e Jovem Guarda/Brega Company (sobre música). Colabora desde abril de 2006 na revista eletrônica Freakium! e desde setembro de 2006 no blog Click na Moda. Escreve também na revista Transporte Mundial da editora Motorpress, dedicada ao transporte terrestre de carga. É o responsável pelas entrevistas, a elaboração dos dossiês e grande parte da Zingu!.
31/03, 13:00 hs.
Local: Biblioteca Municipal Prefeito Prestes MaiaAv. João Dias, 822 - Santo AmaroTel.: 5687-0513Lotação: 150 lugaresEvento gratuito
5 comentários:
Estou aqui no serviço, em meio a um calor insuportável, mas emu coração está aí no evento. Que vontade, gente! Boa sorte aos envolvidos! Aguardo ansiosa o fotolog social!
Muitos beijos!
Querida, as batidas de seu coração foram sentidas no auditório :)
A sessão foi maravilhosa, o Alfredinho deu uma aula de cinema e a Mostra terminou de modo emocionante para todos os presentes.
Obrigado pelas palavras, Graciele! Brevemente postarei as fotos.
Beijos!
Vixe! Meu coração tava batendo forte mesmo!!!! :)
parabéns pelo pertinente Blog,amigo! Mantenho um site e um acervo (em dvd e vhs) de filmes nacionais raríssimos, além de clássicos, programas da TV etc em:
http://memoriatvcinema.net46.net
Obrigado pelo comentário.
Depois vou dar uma olhada no seu site. Abraço!
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