No post abaixo ficou faltando comentar este filme, vencedor do prêmio de Melhor Filme em Gramado, junto com Serras da Desordem de Andréa Tonacci, além de mais 4 prêmios.
O diretor estreante em longas Rudi Lagemann aborda uma realidade das mais sórdidas de nosso Brasil varonil: a prostituição infantil.
Baseando seu roteiro em vários artigos publicados em jornais e revistas, conta o calvário dessa menina de 12 anos vendida pela família miserável. Após ser leiloada a um político para servir de presente de aniversário para o filho, é mandada junto com uma amiga rebelde para trabalhar no bordel próximo de um garimpo na selva amazônica.
Depois de algumas tentativas frustradas, finalmente ela consegue fugir e vai de carona até o Rio de Janeiro, mas não conseguirá escapar de sua sina.
O diretor consegue nos indignar sem recorrer a truques fáceis. Tudo é mostrado de modo cruel e honesto. Somos apresentados a uma realidade que sabemos existir, mas da qual não queremos saber os detalhes.
Langemann acertou também em ir até as últimas consequências. Não, ele não cai na tentação de um final feliz, que poderia aliviar a consciência do espectador. A realidade da personagem Maria é a mesma das mais de 100.000 crianças e adolescentes que se prostituem no país, como diz um letreiro no final. Um problema que terá solução algum dia?
No ótimo elenco, o destaque maior vai para Antônio Calloni, que dá a um personagem desprezível, o dono do bordel no garimpo, nuances que fazem dele não um monstro, mas sim mais uma peça na engrenagem desse comércio ilegal. Não por acaso ele foi o melhor ator em Gramado.
Mas a alma do filme é a estreante Fernanda Carvalho, que consegue transmitir com perfeição todos os sentimentos de Maria.
Cotação: ***
O diretor estreante em longas Rudi Lagemann aborda uma realidade das mais sórdidas de nosso Brasil varonil: a prostituição infantil.
Baseando seu roteiro em vários artigos publicados em jornais e revistas, conta o calvário dessa menina de 12 anos vendida pela família miserável. Após ser leiloada a um político para servir de presente de aniversário para o filho, é mandada junto com uma amiga rebelde para trabalhar no bordel próximo de um garimpo na selva amazônica.
Depois de algumas tentativas frustradas, finalmente ela consegue fugir e vai de carona até o Rio de Janeiro, mas não conseguirá escapar de sua sina.
O diretor consegue nos indignar sem recorrer a truques fáceis. Tudo é mostrado de modo cruel e honesto. Somos apresentados a uma realidade que sabemos existir, mas da qual não queremos saber os detalhes.
Langemann acertou também em ir até as últimas consequências. Não, ele não cai na tentação de um final feliz, que poderia aliviar a consciência do espectador. A realidade da personagem Maria é a mesma das mais de 100.000 crianças e adolescentes que se prostituem no país, como diz um letreiro no final. Um problema que terá solução algum dia?
No ótimo elenco, o destaque maior vai para Antônio Calloni, que dá a um personagem desprezível, o dono do bordel no garimpo, nuances que fazem dele não um monstro, mas sim mais uma peça na engrenagem desse comércio ilegal. Não por acaso ele foi o melhor ator em Gramado.
Mas a alma do filme é a estreante Fernanda Carvalho, que consegue transmitir com perfeição todos os sentimentos de Maria.
Cotação: ***
2 comentários:
É incrível como o cinema nacional encontrou de vez o seu caminho. Anjos do Sol é maravilhoso (principalmente quando você fica sabendo que é o filme de estréia do diretor). A menina que faz o papel de Maria é estupenda. Estou bobo que as emissoras de TV ainda não a tenham utilizado em alguma produção (coisa que, alíás, já se transformou num modismo por aqui, basta que o ator faça sucesso na telona). Abraços do crítico da caverna cinematográfica
Muito bom mesmo, Roberto. As pessoas tem falado muito do cinema argentino, mas acho que os novos filmes brasileiros são muito melhores, mais fortes e contundentes. A Fernanda Carvalho é maravilhosa. Tenho até receio de que caso ela seja contratada por uma emissora de TV seja desperdiçada em algum papelzinho tolo. Ela é um animal cinematográfico! Abraços!
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