Baseado no livro de Raymond Chandler, teve como um dos roteiristas ninguém menos que o ganhador do Prêmio Nobel William Faulkner (além de Leigh Brackett e Jules Furthman).
Seria perda de tempo eu tentar fazer uma sinopse, que poderia complicar mais ainda um enredo que já é dos mais complicados. Diz a lenda que Howard Hawks, ao ver o filme pronto, percebeu que um dos assassinatos havia ficado sem solução. Procurou então o autor Chandler para saber quem tinha cometido o crime, ao que este respondeu: “Não faço a mínima idéia!”.
Em resumo, é a história de um detetive particular (Philip Marlowe), contratado por um general para investigar um caso de chantagem da qual estão sendo vítimas suas duas filhas, uma das quais é ninfomaníaca.
Existem duas versões do filme. A primeira foi exibida apenas às tropas americanas durante a II Guerra Mundial, e trazia uma cena de 9 minutos com Bogart e um chefe de polícia onde eram explicados os diversos assassinatos.
Em 1946, um ano depois de encerradas as filmagens, a equipe se reuniu novamente por 6 dias, para filmar novas cenas escritas por Philip Epstein (não creditado).
Hawks cortou 20 minutos da 1ª versão, inclusive aquela cena de 9 min., e acrescentou 18 minutos na nova versão, incluindo o famoso diálogo entre Bogart e Lauren Bacall num restaurante onde eles conversam sobre corridas de cavalos mas na verdade estão se referindo ao sexo.
Aliás, podem estar certos que sempre que Marlowe estiver em cena com uma mulher, haverá insinuações sexuais.
Na verdade, em "The Big Sleep" não existe uma mulher fatal, mas sim várias.
(As "femme fatales" de À Beira do Abismo)
A Warner está devendo uma edição especial do filme em DVD no Brasil.
Para concluir esta minha excursão pelo film noir, falta dizer que esses filmes, pouco apreciados em sua época, foram a fonte onde beberam alguns jovens franceses, no final da década de 50, para revolucionar a linguagem cinematográfica. Seus nomes: Godard, Chabrol, Rohmer, Rivette, Truffaut, Malle, Molinaro; e o movimento que criaram: Nouvelle Vague.
16 comentários:
Fiquei dias sem conseguir acessar o blog! Problemas no meu computador do serviço e total falta de tempo para acessar a Internet da minha casa, mas, daí, qdo finalmemte consigo...dou de cara com esse belíssimo texto sobre À beira do abismo (amo filmes noir).
Obrigada, amigo!
Sérgio, você tem lido o blogue do Filthy mcNasty?
Lá, ele está fazendo uma resenha super didática e comparações de quem fez o melhor Marlowe.
Vale a pena ler!
[ ]s
www.wunderblogs.com/filthymac
Graciele, é sempre um prazer ter comentário seu aqui! Nem me fale em falta de tempo...
Mas fiquei feliz por vc ter gostado do texto. Muito obrigado pelo comentário.
Oi, Criss! Vou dar uma conferida nesse blog. Valeu pela dica!
Beijos!!!
Meu caro: Não ter visto esse filme até hoje, acredito, é uma das minhas imperdoáves lacunas cinematográficas. E o seu texto é bastante didático, no melhor sentido da expressão. Um abraço.
Enquanto isso, meu download não passa dos 59%..eheheheh
esse eu não vi, vou ver se passa no telecine. túmulo com vista é um filme médio sim, mas uma graça, não deixa de ser :) uma delícia de ver. beijos, pedrita
Moacy, lacunas cinematográficas todos nós as temos hehe! Obrigado pelo comentário.
Ailton, parece que a coisa empacou mesmo hein? hehe!
Pedrita, creio que não está passando no Telecine. E o Túmulo com vista tem momentos divertidos, sim. Beijo!
Esse é um dos meus Noir's favoritos. Argumento, direção, atuações inesquecíveis...Além das famosas indiretas eróticas que os dois personagens falam sublinarmente durante o filme.
Ronald, é mesmo, tudo nesse filme é inesquecível! E os diálogos repletos de duplo sentido então...
ALPHAVILLE é um dos maiores espelho da influência que o noir teve na nouvelle vague. Faulkner, quando sentia o bolso apertar, ia pra Califórnia escrever roteiros, mas a pressão dos produtores fizeram com que, à certa altura do campeonato, ele desistisse desse "bico", já que não podia beber tanto quanto bebia nos confins do Mississipi, onde escreveu aquelas obras-primas.
Fala, Fernando! Excelente seu comentário! Ótima lembrança do Alphaville. Faulkner, Hammett e outros geniais escritores nunca se deram bem com os estúdios de Hollywood. Os Irmãos Coen mostraram isso de forma brilhante no maravilhoso Barton Fink. Muito obrigado pelo comment!
Abração!!!
Fala Sergio! Mais um q não vi...assiti a poucos filmes antigos, mas vale a pena as dicas q pego nesse blog, já chego nas locadoras com uma lista enorme!
Abraços!!!
À Beira do Abismo é a obra-prima do noir (nada se compara!). Falar de relação entre Humphrey Bogart e o cinema policial, por si só, já é um espetáculo. A cada dia que passa fico mais dislumbrado com o seu blog. Uma viagem fantástica para os fãs do bom cinema noir. Já li O Outro Lado da Noite. É bárbaro. Abraços do crítico da caverna cinematográfica.
Depois de um longo e tenebroso inverno volto a dar sinal de vida hehe!
Mantis e Roberto, muito obrigado pelos comentários, palavras como as suas é que me animam a não desistir do blog, apesar de todas as dificuldades (problemas no micro, falta de tempo, desânimo, etc.) Obrigado mesmo!
Abraços!!!
E antes q. eu me esqueça, maravilhosa esse série de 'posts' sobre o cinema noir, uma verdadeira aula de cinema!!!
Obrigado pelas palavras, Edú. Grande abraço!
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