UMA LAGARTIXA NUM CORPO DE MULHER
Carol Hammond tem um sonho recorrente: ela está no corredor de um trem, e as portas das cabines estão trancadas. De repente o corredor está apinhado de gente, homens e mulheres nus, e ela tenta desesperadamente abrir caminho entre eles. Ao abrir uma porta entra num quarto, onde a espera uma bela loira que se aproxima e a seduz. Ao tentar sair do quarto, se precipita num abismo.
A loira existe, é sua vizinha, Julia Durer. Na tela dividida é mostrado o contraste do mundo dessas duas mulheres: enquanto Carol, num ambiente tipicamente burguês, janta civilizadamente com a família (pai, marido, enteada), Julia promove animadas festas regadas à muito sexo, drogas e rock and roll.
O sonho se repete, mas dessa vez no final Carol mata Julia à facadas, para alegria do seu psiquiatra, que acredita que agora ela conseguiu se libertar. Quando Julia é encontrada morta de verdade, do mesmo modo, Carol torna-se a principal suspeita.
Mas muita coisa irá acontecer (pistas falsas, tentativa de suborno, perseguições, suicídio, assassinatos), até que o inspetor de polícia descubra o verdadeiro assassino.
Achei interessante a ambientação londrina, a mesma 'Swinging London" que o conterrâneo de Fulci, Antonioni, retratou em Blow-Up.
O filme traz uma sequência incrível, que já entrou para minha lista de preferidas: a longa perseguição na igreja. São quase dez minutos sem diálogo, em que todos os elementos fílmicos rendem de forma extraordinária: a música de Ennio Morricone, a fotografia de Luigi Kuveiller, a montagem, a cenografia. Cinema puro!
O elenco permite que se faça várias referências: Stanley Baker foi um dos atores preferidos de Joseph Losey em seu exílio inglês; Jean Sorel é o eterno marido da "Bela da Tarde".
E tem a nossa Florinda Bolkan, que talvez nunca tenha estado tão bonita e elegante como aqui. Além de muito talentosa!
A loira existe, é sua vizinha, Julia Durer. Na tela dividida é mostrado o contraste do mundo dessas duas mulheres: enquanto Carol, num ambiente tipicamente burguês, janta civilizadamente com a família (pai, marido, enteada), Julia promove animadas festas regadas à muito sexo, drogas e rock and roll.
O sonho se repete, mas dessa vez no final Carol mata Julia à facadas, para alegria do seu psiquiatra, que acredita que agora ela conseguiu se libertar. Quando Julia é encontrada morta de verdade, do mesmo modo, Carol torna-se a principal suspeita.
Mas muita coisa irá acontecer (pistas falsas, tentativa de suborno, perseguições, suicídio, assassinatos), até que o inspetor de polícia descubra o verdadeiro assassino.
Achei interessante a ambientação londrina, a mesma 'Swinging London" que o conterrâneo de Fulci, Antonioni, retratou em Blow-Up.
O filme traz uma sequência incrível, que já entrou para minha lista de preferidas: a longa perseguição na igreja. São quase dez minutos sem diálogo, em que todos os elementos fílmicos rendem de forma extraordinária: a música de Ennio Morricone, a fotografia de Luigi Kuveiller, a montagem, a cenografia. Cinema puro!
O elenco permite que se faça várias referências: Stanley Baker foi um dos atores preferidos de Joseph Losey em seu exílio inglês; Jean Sorel é o eterno marido da "Bela da Tarde".
E tem a nossa Florinda Bolkan, que talvez nunca tenha estado tão bonita e elegante como aqui. Além de muito talentosa!
O ESTRANHO SEGREDO DO BOSQUE DOS SONHOS
Num pequeno povoado italiano, cortado por uma moderna auto-estrada, o pânico toma conta das famílias quando vários meninos aparecem brutalmente assassinados. A rotina do local é transformada com a chegada da polícia e da imprensa.
Vários são os suspeitos: um sujeito com problemas mentais; a filha de um milionário nascido no local, obrigada pelo pai a passar um tempo lá devido a um escândalo com drogas na cidade grande, e que demonstra especial atenção para com jovens imberbes; e Maciara, a feiticeira do povoado.
O filme começa justamente com ela, à beira da estrada, desenterrando com as mãos o esqueleto de um bebê. Todo o conflito parece estar resumido nessa introdução: a modernidade invadindo à força um local que parece ter parado no tempo, com suas crendices, superstições, medos ancestrais.
Florinda cria aqui um tipo completamente diferente do outro filme: suja, maltrapilha, arredia. Ela tem duas grandes cenas: ao ter um ataque na delegacia e depois, ao ser solta por falta de provas, ser assassinada pelos pais dos garotos no cemitério, uma cena que choca pelo realismo.
Outros destaques no elenco são Tomas Milian, como um jornalista; a bela Barbara Bouchet como a filha do milionário e principalmente Irene Papas. A princípio estranhei por ela aparecer tão pouco, e quase pensei que tinha sido desperdiçada. Mas na sequência final entendi o motivo do Fulci tê-la escalado: só uma grande atriz poderia transmitir toda a tragédia de uma situação em poucos segundos. Sua expressão de dor permanece conosco terminado o filme.
P.S. 1: Muita gente critica os títulos com que os filmes são exibidos nos cinemas brasileiros. Para mostrar que não temos exclusividade no quesito título ruim, resolvi pesquisar o título que este filme recebeu em outros países. O que ilustra o post é o cartaz francês (ou seria belga?). "A longa noite do exorcismo"? Onde??? As coisas não melhoram muito na Espanha, onde se chamou "Angustia do Silencio". Na própria Itália teve um título alternativo, "Fanatismo". Finalmente no Uruguai teve o título, que serviu de inspiração para o brasileiro, "El Extraño Secreto del Bosque de las Sombras".
Vários são os suspeitos: um sujeito com problemas mentais; a filha de um milionário nascido no local, obrigada pelo pai a passar um tempo lá devido a um escândalo com drogas na cidade grande, e que demonstra especial atenção para com jovens imberbes; e Maciara, a feiticeira do povoado.
O filme começa justamente com ela, à beira da estrada, desenterrando com as mãos o esqueleto de um bebê. Todo o conflito parece estar resumido nessa introdução: a modernidade invadindo à força um local que parece ter parado no tempo, com suas crendices, superstições, medos ancestrais.
Florinda cria aqui um tipo completamente diferente do outro filme: suja, maltrapilha, arredia. Ela tem duas grandes cenas: ao ter um ataque na delegacia e depois, ao ser solta por falta de provas, ser assassinada pelos pais dos garotos no cemitério, uma cena que choca pelo realismo.
Outros destaques no elenco são Tomas Milian, como um jornalista; a bela Barbara Bouchet como a filha do milionário e principalmente Irene Papas. A princípio estranhei por ela aparecer tão pouco, e quase pensei que tinha sido desperdiçada. Mas na sequência final entendi o motivo do Fulci tê-la escalado: só uma grande atriz poderia transmitir toda a tragédia de uma situação em poucos segundos. Sua expressão de dor permanece conosco terminado o filme.
P.S. 1: Muita gente critica os títulos com que os filmes são exibidos nos cinemas brasileiros. Para mostrar que não temos exclusividade no quesito título ruim, resolvi pesquisar o título que este filme recebeu em outros países. O que ilustra o post é o cartaz francês (ou seria belga?). "A longa noite do exorcismo"? Onde??? As coisas não melhoram muito na Espanha, onde se chamou "Angustia do Silencio". Na própria Itália teve um título alternativo, "Fanatismo". Finalmente no Uruguai teve o título, que serviu de inspiração para o brasileiro, "El Extraño Secreto del Bosque de las Sombras".
P.S. 2: Mais uma vez agradeço ao Edú Aguilar, do ótimo Cine Rebeldia (link ao lado), a generosidade de ter me emprestado essas duas preciosidades do cinema italiano, permitindo que eu deixasse de ser tão ignorante em relação a esse mestre, Lucio Fulci. Obrigadão, mesmo!!!
16 comentários:
Fala Sergio!!
Nem vou colocar isso no meu blog, sob pena de cair no ridículo, já q. seria mais uma confirmação da minha lista ter sido apressada, mas como meu atual critério está ligado aos filmes q. assiste durante o ano, independentemente do lançamento comercial, certamente o "Uma Lagartixa num Corpo de Mulher" é o top n.º 1!!!!
E além disso, teria q. excluir uns 4 ou 5 q. já havia visto em 2004 e incluido na lista daquele ano, por isso, fica registrado aqui no seu blog, q. esse foi meu filme preferido do ano passado.
Fico honrado por ter esse registro aqui. Não posso perder este post de jeito nenhum!!! hehe!
Se eu seguisse o mesmo critério que você, com certeza "Uma lagartixa..." entraria no meu top 10, assim como "O esranho..." Estou na dúvida ainda, mas acho que gostei mais do primeiro.
Querido, que post fantástico! Qdo penso que li o melhor vc me aparece com um texto desses...Não pode! ;-)
Não conheço nenhum dos dois filmes...como faço agora que vc instigou uma curiosidade absurda em mim?
Beijos!
Graciele, acabo de perceber que cometi uma falha: não coloquei os títulos originais dos filmes!
Como não gosto de mexer em texto já publicado, a informação vem aqui nos "comments" mesmo!
O tit. original do primeiro é: "Una Lucertola con la Pelle di Donna".
O do segundo é: "Non si Sevizia un Paperino". Paperino é o nome do Pato Donald na Itália!
Quer ver os filmes? Vamos combinar depois. Beijão!!!
Tenho esse DON'T TORTURE A DUCKLING em casa, com áudio em inglês e sem legenda nenhuma, em divx. Me falta é coragem pra encarar o filme desse jeito. Esse título brasileiro é bem pouco conhecido, não?
Ailton, a cópia em VHS que eu vi é em inglês sem legenda, mas a imagem está muito boa. Consegui acompanhar bem os diálogos, mesmo meu inglês não sendo lá essas coisas :)
O título brasileiro é pouquíssimo conhecido. Eu só consegui descobri-lo graças ao antigo crítico do Estadão, Rubem Biáfora, que registrava absolutamente todos os filmes que estreavam em São Paulo, da maior superprodução hollywoodiana ao mais obscuro filme de kung-fu de Hong Kong! Abraço!
Rubem Biáfora! por onde anda esse cara?! O Estadão bem que precisa de pessoas um pouco menos tacanhas para o jornal, agora que estou ali próximo vejo que é tudo uma graande ilusão.... mas tudo bem, vamos em frente. Eu tenho muita curiosidade em ver esse filme do Fulci, eu tenho uma comédia muito estranha que ele dirigiu chamada O DEPUTADO ERÓTICO, em um Vhs bem precário.... não é tão engraçado, é estranho até pra falar a verdade.... seus textos estão ótimos, um abraço!
Fernando, infelizmente o Biáfora morreu faz uns 10 anos.
Eu gosto do Merten e do Oricchio, claro que nem sempre concordo com eles, mas os acho super coerentes!
Esse "O Deputado Erótico" eu vi faz um tempinho, preciso rever, mas lembro que gostei do filme. E não chega a ser uma comédia mesmo.
Abraço!!
preciso ver mais coisas do fulci... acho que vi mais westerns dele que terror!
Western vi "Os Quatro do Apocalipse", que gostei. Quais você viu?
Interessante, os cartazes desses 'giallos' são tão bonitos quanto os filmes.
É verdade, foi até difícil escolher esses dois, os cartazes que encontrei são todos excelentes!
o outro foi sela de prata. pra vc ver como não conheço nada do fulci (esses dois e zombie).
André, até meados do ano passado eu quase desconhecia a existência do Fulci, agora, depois de 4 filmes, já me considero um especialista..hehe Brincadeira, claro! Ainda tem muita coisa que preciso assistir dele. Abraço!
nunca ouvi falar de nenhum desses. beijos, pedrita
Olá, Pedrita! A obra do Fulci é pouco conhecida mesmo. Vamos torcer para que comecem a lançar em DVD por aqui. Beijo!
Postar um comentário