31/03/2013

NO DIRECTION HOME: BOB DYLAN


Martin Scorsese é o mais musical dos cineastas. Basta lembrar das trilhas  de "Os Bons Companheiros", "Cassino", "New York, New York", seu episódio de "Contos de Nova York", para citar apenas alguns, sem contar seus documentários sobre os Rolling Stones, The Band, George Harrison, blues. Ele era a pessoa certa para retratar a personalidade multifacetada de Bob Dylan, resumindo sua trajetória numa frase retirada de uma das suas canções mais famosas. Produzido para a série American Masters, tem duração de três horas e meia, divididas em dois discos. Apesar dessa longa duração, o filme aborda apenas o período inicial de Dylan, encerrando com sua turnê européia em 1966. Há um riquíssimo material mostrando artistas que o influenciaram (Woody Guthrie, Pete Seeger, etc.), seus primeiros movimentos na música e suas primeiras aparições na televisão intercalados por depoimentos de pessoas que conviveram com ele nesse primeiro momento da carreira (Suze Rotolo, que aparece com ele na capa do álbum "The Freewheeling Bob Dylan", Joan Baez, Allen Ginzberg, o documentarista D. A. Pennebaker, entre outros), além de uma entrevista recente com o próprio cantor. Só Scorsese mesmo para retratar com isenção figura tão contraditória. Está tudo lá: a busca pelo sucesso a qualquer preço, a recusa de ser taxado como músico de protesto, o processo criativo, o espanto ao perceber que tinha se tornado ídolo de uma geração, as vaias ao adotar a guitarra elétrica e cantar acompanhado de um grupo de rock (The Band). E também as coletivas de imprensa, quando era obrigado a responder as perguntas mais idiotas possíveis (numa delas um rapaz insiste em saber qual o significado dele colocar sua foto, usando uma camiseta com o desenho de uma moto, na capa do álbum "Highway 61 revisited"). De certa forma, parece que Dylan sempre procurou voltar para a pequena cidade de Duluth, em Minnesota, onde nasceu, sem nunca conseguir.
Um documentário obrigatório para todos que se interessam por cultura pop. Deu até vontade de rever "Não Estou Lá" do Todd Haynes, que trata sua vida em forma de ficção. 

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