GIGANTE

Jara é um cara grandalhão, fã de heavy metal, que trabalha como vigia noturno de um grande supermercado de Montevideo. Uma noite ele volta a atenção para uma atrapalhada faxineira, Julia, que derrubou uma pilha de produtos. A princípio acha graça, mas depois percebe alguma coisa naquela mulher. Ele se apaixona, mas apesar da aparência Jara é muito tímido, uma criança crescida (reparem nas brincadeiras dele com o sobrinho). Porém ele tem certeza que Julia é a mulher de sua vida e terá que vencer suas inseguranças para se aproximar dela.
Gigante é sobre pessoas que não tem o padrão estético e comportamental exigido pela mídia, sobre a solidão nos grandes centros urbanos, sobre o fim da privacidade, sobre voyeurismo.
Tudo isso poderia parecer pretensioso, intelectualóide demais, mas não é o que acontece. O filme do argentino Adrián Biniez é de uma simplicidade absoluta. Ele privilegia a imagem ao invés dos diálogos, bastante econômicos. O diretor, estreando no longa-metragem, trabalha também de forma bem inteligente com o que está fora de cena, o que não vemos mas podemos ouvir.
A dupla principal, Horacio Camandule e Leonor Svarcas, é perfeita.
E o que dizer do plano final? Jara e Julia estão sentados na areia, de costas para nós e de frente para o mar (não ouvimos o que eles conversam), e ao fundo passa um casal de mais idade. Lindo demais!