O MUNDO EM PERIGO (GORDON DOUGLAS) - Um dos mais famosos filmes sobre insetos mutantes, devido à radiação atômica, realizados na década de 50. Aqui são formigas que atingem tamanho descomunal, ameaçando a vida na Terra. Cenas antológicas: a garotinha caminhando sozinha pelo deserto no começo, a primeira aparição do bicho, a batalha final nos esgotos de L.A. E o perigo não vem de fora, não são os “vermelhos”, mas está dentro do próprio EUA, ao realizar as primeiras experiências com a bomba no Novo México.
WALLACE E GROMIT - A BATALHA DOS VEGETAIS (NICK PARK E STEVE BOX) - Nossa dupla de massinha favorita numa divertidíssima aventura. O inventor e seu cão enfrentam um coelho gigante que está devorando todos os vegetais cultivados com carinho pela vizinhança, prejudicando a realização de uma tradicional feira local. Muitas são as citações: filmes de terror da Hammer, O Ataque dos Vermes Malditos, King Kong. Que venham mais longas com os dois!
AS 4 AVENTURAS DE REINETTE E MIRABELLE (ERIC ROHMER) - Rohmer é o cineasta do deslocamento, não apenas porque seus personagens estão sempre em constante movimento, seja a pé ou de carro, trem, barco etc., mas também porque com frequência sentem-se deslocados em relação ao local onde se encontram ou à época em que vivem.
Neste filme ele nos mostra a amizade das duas garotas do título, que começa no campo quando Reinette ajuda a urbana Mirabelle a arrumar o pneu da bicicleta. As quatro aventuras não poderiam ser mais prosaicas. Na primeira as amigas tentam experimentar A Hora Azul, curto momento antes do amanhecer em que o silêncio é absoluto. As outras três aventuras acontecem na caótica Paris, e envolvem um garçom neurótico; mendigos, uma cleptomaníaca e uma malandra; e o dono de uma galeria de arte interessado num dos quadros pintados por Reinette.
Como em todos seus filmes as pessoas falam muito, mas o que é dito nunca é menos do que inteligente e espirituoso. E também é um dos mais divertidos dele.
TERRA DO SOL (JOHN SAYLES) - Depois de muita procura consegui encontrar este filme para alugar. O grande John Sayles como sempre reúne uma vasta galeria de personagens para fazer seus ácidos comentários sobre a América. Numa ensolarada ilha da Flórida encontram-se uma mulher negra tentando se reaproximar da mãe, seu jovem primo piromaníaco, a estressada organizadora do Dia do Pirata, a dona de um restaurante com uma mãe atriz de teatro e um pai cego, um ex-jogador de futebol americano, especuladores imobiliários, etc. Racismo, colonialismo, a ganância das grandes corporações em detrimento da qualidade de vida, relações afetivas e familiares, tudo passa pela atenta câmera de Sayles, que ainda dá chance para que todo seu excelente elenco possa brilhar. Com este completo a filmografia do diretor, um dos maiores em atividade no cinema americano atual.
MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA (JÚLIO BRESSANE) - O que mais dizer sobre este clássico do cinema marginal? Simplesmente genial, um dos filmes mais inovadores, ousados e corajosos realizados no país (num determinado momento vemos uma cena de tortura, isso no auge da ditadura militar, o que fez com que fosse tirado de cartaz 2 semanas após o lançamento). Antero de Oliveira é ótimo como o personagem que comete o ato do título, Renata Sorrah e Márcia Rodrigues estão lindas e talentosas. Bressane tem um dom especial para colocar músicas em seus filmes, e no sangrento final deste ouve-se Roberto Carlos. É emocionante! Bressane desconstrói a narrativa para criar pura poesia. Em homenagem ao diretor, e no aguardo ansioso de Cleópatra, Top 5:
1 – Cara a Cara
2 – Matou a Família e Foi ao Cinema
3 – Dias de Nietzsche em Turim
4 – O Anjo Nasceu
5 – Tabu
10 comentários:
Oi Sergio, adorei a resenha sobre o "Tocaia no Asfalto", o Agildo é um grande ator, subestimado apenas como comediante. Concordo com vc sobre "Cara a Cara" ser o melhor Bressane, mas incluiria "Miramar" nesta lista :) Um grande abraço.
Adorei seu comentário sobre Rohmer. Tenho a mesma sensação com relação ao deslocamento (social, espacial) dos personagens.
Ei, sua lista do Bressane é fantástica! Eu acho quase a mesma coisa. Só que eu incluiria FILME DE AMOR. Graciele
Ultimamente eu ando perdendo os filmes de Bressane, acho q. não me tocam da mesma forma q. antigamente, mas foi uma entre algumas das minhas iniciações na 7.ª arte, na época, não vi tudo, mas diria q. meu top. 5, seria:
1. Matou a Família e foi ao Cinema (q. revi ao lado do Sergio e continuo adorando)
2. O Anjo Nasceu
3. Agônia
4. Cuidado Madame!
5. Tabu
Destaco também um filme de 1978 do Bressane, "O Gigante da América", que, apesar dos exageros e do estilo kitsch, merece uma revisão nesses tempos problemáticos pelo qual o cinema brasileiro está passando atualmente. E Jece Valadão convence na canastrice.
Oi, Andréa! Pois é, o Agildo ficou marcado como comediante, mas Tocaia... prova que é um excelente ator. Que bom que vc concorda comigo sobre o Cara a Cara, esse filme tem que ser resgatado com urgência. Miramar é um belo filme, está no Top 10 he he. Abração!
Graciele, legal vc ter a mesma sensação quanto aos filmes do Rohmer, que vc adora. Quanto ao Filme do Amor, tb está entre os 10! Abç!
Fala, Eduardo! Continuamos em sintonia, hein, afinal de 5 concordamos em 3 he he. Então, é o seguinte: vi pouca coisa do Bressane da década de 70, mas pelo que vi e li parece que essa fase é de "desbunde", de radicalização total; dos anos 80 só vi Tabu, que foi minha introdução à sua obra (dai meu entusiasmo!); mas acho que a última fase, que começa em 95 com Mandarim, nos traz um Bressane que, sem deixar de ser experimental, demonstra uma preocupação cada vez maior com a forma, com planos que remetem à pintura (lembro-me principalmente de São Jerônimo e Nietzsche)e o conteúdo. Procure ver ou rever esses filmes. Abraço!
Oi Fernando! Nunca vi Gigante da América, que é dessa fase mais radical da obra dele, nos anos 70 (assim como Agonia e Cuidado Madame, escolhidos pelo Eduardo). Mas Bressane é sempre estimulante. E com nosso "Cafajeste" maior no elenco, então...he he Abç!
Acabei de lembrar que vi Cuidado Madame, sim! Foi na Cinemateca (atual Sala Uol). Tinha confundido com A família do barulho. É bem legal!!!
Engraçado que O GIGANTE DA AMERICA não passou nem naquela mostra do CINESESC. AGONIA eu não gostei muito não. Tem umas coisas bacanas, umas frases profundas ditas em tom de deboche, que me agradaram, mas achei o filme meio cansativo. CUIDADO MADAME é da BELAIR? Nós não assistimos na CINEMATECA, Sergio?
Isso mesmo Graciele!!! A Maria Gladys está engraçadíssima, lembra?
Janclerques, Meu pé de laranja lima foi lançado em VHS há bastante tempo. Em DVD creio que ainda não tem. Fica a sugestão para as distribuidoras!
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