Filme após filme, Hirokazu Kore-Eda vem lapidando seu tema preferido: o mundo infantil confrontado com dos adultos.
Em "Pais e Filhos" ele aborda um assunto que é um pesadelo para qualquer pai ou mãe: a troca do filho na maternidade.
É o que os casais Nonomiya e Saiki descobrem logo no começo. Seus filhos, agora com 6 anos, foram trocados por uma enfermeira então infeliz num relacionamento.
Como lidar com essa situação? É possível deixar de amar um ser criado como seu filho? As incertezas sobre a troca. A falta de resposta diante das perguntas objetivas das crianças. As acusações contra as mães por não terem percebido que aqueles bebês não eram os filhos que carregaram nos ventres. Kore-Eda mostra essas situações da forma mais sensível possível. E embora dê atenção a todos os envolvidos, se detem na reação do senhor Nonomiya. Um homem que sempre se dedicou mais aos interesses da empresa em que trabalha, preocupado com produtividade e em ser o melhor no que faz, exigindo do filho a mesma postura. Ao descobrir a troca ele não demonstra preocupação com os sentimentos do garoto, apenas o desejo que o filho verdadeiro corresponda às suas expectativas.
É apenas através da imagem, quando vê as fotos que o menino tirou sem que ele percebesse (atarefado diante do computador, dormindo) que ele percebe o sentido de ser pai.
O filme termina numa epifania, quando pai e filho conversam em caminhos diferentes até se encontrarem frente a frente. Epifania como são as Variações Goldberg intepretadas por Glenn Gould, ouvida durante os créditos finais.
Lançado na última semana do ano, Pais e Filhos é o grande filme de 2013.
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