15/12/2013

AZUL É A COR MAIS QUENTE



Sai da sessão de "Azul é a cor mais quente" sem entender o burburinho em torno do filme. Lembro de pelo menos dois filmes da Boca do Lixo, "As Intimidades de Analu e Fernanda" e "Karina, Objeto de Desejo", feitos respectivamente há 33 e 32 anos, que tratavam o tema (relacionamento lésbico) de forma muito mais ousada, sincera e polêmica. O filme é uma sucessão interminável de closes e diálogos, muitos deles dispensáveis. Falta principalmente conflito, e quando ele chega faltando uns 30 minutos pro fim, é dos mais fracos. Dessa forma a citação a "A Caixa de Pandora" de Pabst com a mítica Louise Brooks (que em Portugal recebeu o título "A Boceta de Pandora"), que é exibido no jardim da casa durante a festa, torna-se sem sentido. Aliás, nada justifica que tenha três horas de duração. O porquê de ter ganhado a Palma de Ouro em Cannes para mim é um mistério. Outro prêmio discutível foi o dado às duas atrizes como quase co-autoras da obra. Quem merecia ser vencedora como melhor atriz é Adèle Exarchopoulos, que carrega o filme nas costas, aparecendo do primeiro até o último fotograma. Sua companheira Léa Seydoux só aparece de fato com quase uma hora de projeção.

O diretor Abdellatif Kechiche foi acusado de ter abusado das atrizes e da equipe durante as filmagens. Ele deveria ser acusado por filmar mal mesmo.

2 comentários:

André Setaro disse...

Concordo com você, Sérgio. Assino embaixo.

Sergio Andrade disse...

Bom saber que concordamos em relação ao filme, Setaro!

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