Sai da sessão de "Azul é
a cor mais quente" sem entender o burburinho em torno do filme. Lembro de
pelo menos dois filmes da Boca do Lixo, "As Intimidades de Analu e
Fernanda" e "Karina, Objeto de Desejo", feitos respectivamente
há 33 e 32 anos, que tratavam o tema (relacionamento lésbico) de forma muito
mais ousada, sincera e polêmica. O filme é uma sucessão interminável de closes
e diálogos, muitos deles dispensáveis. Falta principalmente conflito, e quando
ele chega faltando uns 30 minutos pro fim, é dos mais fracos. Dessa forma a
citação a "A Caixa de Pandora" de Pabst com a mítica Louise Brooks
(que em Portugal recebeu o título "A Boceta de Pandora"), que é
exibido no jardim da casa durante a festa, torna-se sem sentido. Aliás, nada
justifica que tenha três horas de duração. O porquê de ter ganhado a Palma de
Ouro em Cannes para mim é um mistério. Outro prêmio discutível foi o dado às
duas atrizes como quase co-autoras da obra. Quem merecia ser vencedora como
melhor atriz é Adèle Exarchopoulos, que carrega o filme nas costas, aparecendo
do primeiro até o último fotograma. Sua companheira Léa Seydoux só aparece de
fato com quase uma hora de projeção.
O diretor Abdellatif Kechiche
foi acusado de ter abusado das atrizes e da equipe durante as filmagens. Ele
deveria ser acusado por filmar mal mesmo.
2 comentários:
Concordo com você, Sérgio. Assino embaixo.
Bom saber que concordamos em relação ao filme, Setaro!
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